sábado, 28 de agosto de 2010

Herbie Hancock - Mr. Hands (1980)

Se para nós soa apenas natural apelidar Bowie como o Camaleão do Rock, chega a ser estranho o mesmo não ser feito com Herbie Hancock para o Jazz. Não bastasse ser um dos pioneiros do Fusion na década de 70 com a gravação do impressionante Headhunters, Herbie Hancock ainda explorou exaustivamente todos os recursos do Funk, Acid Jazz e, principalmente, do Jazz.

Para representar toda essa metamorfose que é Herbie Hancock, "Mr Hands." é praticamente uma caricatura do artista, talvez pelo fato de conseguir compilar muitos dos estilos por ele adotados em somente uma obra.

Enquanto Spiraling Prism sugere toda a virtuosidade que o fazia pender para o Fusion, Calypso alterna para sua face mais ligada ao Jazz, ainda que com um pegajoso refrão aos ritmos caribenhos, como dá a entender o nome da composição. Já Just Around The Corner passa para todo o funk e groove com que Herbie Hancock se fez famoso. "4 AM", a faixa que se segue, conta ainda com a participação de um dos grandes ícones do Fusion: Jaco Pastorius, já em decadência psicológica, mas ainda um excelente músico. "Shiftless Shuffle" é mais um trabalho de Herbie Hancock com os Headhunters (o mesmo quinteto que trabalhou com ele no disco homônimo). O álbum fecha brilhantemente com "Textures", faixa gravada inteiramente por sintetizadores comandados pelas mãos de Herbie Hancock.

1- Spiraling Prism (6:26)
2- Calypso (6:45)
3- Just Around The Corner (7:35)
4- 4 AM (5:24)
5- Shiftless Shuffle (7:11)
6- Textures (6:40)

DOWNLOAD


postado por Caio

domingo, 22 de agosto de 2010

Big Bill Broonzy




Big Bill Broonzy foi um dos primeiros artistas de Blues a popularizarem o estilo musical e a formatá-lo. Nascido ainda no século 19, descendentes de escravos, no interior dos Estados Unidos em Mississipi, Big Bill Broonzy é "velharia " mesmo, raízes do blues, da época em que se cantava spirituals ( pré-blues) nas lavouras rurais, portanto sendo um pedaço da história da música.
O estilo de Broonzy é bem variado, de forma que o longo período em atividade ( 1920 até meados de 1950) fez com que ele presenciasse diversas alterações na tecnologia musical. A princípio, Broonzy era um guitarrista acústico solo, o que caracterizava sua música com a sonoridade folk-country-blues bem típica do interior dos Estados Unidos. Com o decorrer do tempo, aderiu a formação clássica de baixo, bateria e guitarra, para mais tarde, no final de sua vida, retornar à guitarra acústica solo.
Devido à sua vida repleta de migrações e dificuldades por ser negro, enfrentando o racismo violento vigente na época ( que acabou mesmo?) , sua música é permeada por letras que refletem a dificuldade da vida urbana ( caracterizando o Chicago Blues) bem como a nostalgia da vida rural ( caracterizando o mississipi Blues) e a fusão/ convívio de ambos os estilos. Ainda, como seus pais nasceram no interior no final da escravidão, Broonzy sempre teve uma consciência política bem forte, como podemos notar nesse seguinte vídeo:



" Black, Brown and White"
http://www.youtube.com/watch?v=k0c1c0ZsTLA





Como cantor e acima de tudo instrumentista de Spirituals, Blues country, blues urbano e blues rural, o legado deixado por Big Bill Broonzy ao instrumento é grande, pois além de ter muitas influências de outros artistas, possuía uma maneira muito autêntica de tocar e que influenciou DEMAIS Eric Clapton ( personagem ilustre do post aí de baixo) entre outros.

Foi nos anos 50, quando retornou ao estilo de raiz, e com o avanço da qualidade de gravações que Broonzy gravou na posteridade pérolas do blues.



Posto aqui alguns links de outros blogs que tem álbuns de Big Bill Broonzy:
link 1

Cream - Wheels Of Fire (1968)

O Cream talvez seja uma das bandas mais expressivas da década de 60. O grupo consistia de praticamente um "Dream Team" da época, com o power trio formado por nada menos que Eric Clapton, Ginger Baker e Jack Bruce.
Como tudo que é bom dura pouco, não tardou muito para Baker brigar com Bruce, Bruce brigar com Clapton, Bruce brigar com ele mesmo e, enfim, a banda deixar de existir. Após os conflitos, Jack Bruce partiu em carreira solo, Clapton iniciou sua caminhada pelo Blues e Baker ficou a vagar pelas escuras e úmidas ruas londrinas em busca de inspiração Jazzística. Baker e Clapton ainda formariam mais tarde o Blind Faith, mas que também teve curta duração.

De qualquer modo, é inegável a importância do Cream no contexto musical de então. Quando se fala em Cream, imediatamente se lembra da capa psicodélica de Disraeli Gears. Pouco depois, nos sentimos extasiados ao som de Sunshine of Your Love ou mesmo Strange Brew. Então, recuperando a consciência nos lembramos... Disraeli Gears não é bom... é MUITO BOM! No entanto, pelo fato de Disraeli Gears ser tão bom, algumas vezes acaba por ofuscar os outros dois grandes álbuns da banda: Fresh Cream e Wheels of Fire que também são MUUUUITO BONS! Daí se conclui porque o Cream é o que é, foi o que foi, como queira, ainda assim é eterno.

Wheels Of Fire se destaca bastante dos demais por conta do experimentalismo. Enquanto temos canções que refletem bastante o que o grupo tinha criado até então, tais como a canção de abertura "White Room", além de "Politician" e "Born Under a Bad Sign", existem também quebras interessantes como "As You Said" e "Pressed Rat and Warthog". Na verdade, para mim a canção mais interessante do disco é justamente essa última. Narrada e, de certo modo, "fabulada" por Ginger Baker, a música assume certo tom fúnebre, acompanhada por o que parecem ser trombetas de guerra e ritmos de marcha, quase como que, ao mesmo tempo um luto à falência dos negócios das duas personagens, assim como um protesto à corrupção das duas (Uma livre interpretação minha, sintam-se livres para criar as suas próprias).

Wheels Of Fire é imperdível. Disraeli Gears é imperdível. Fresh Cream é imperdível. Cream é mesmo fantástico.

Hoje fica por aqui o Wheels Of Fire

Adieu.

CD 1

1- White Room (5:00)
2- Sitting On Top Of The World (5:00)
3- Passing The Time (4:34)
4- As You Said (4:23)
5- Pressed Rat And Warthog (3:16)
6- Politician (4:14)
7- Those Were The Days (2:56)
8- Born Under A Bad Sign (3:12)
9- Deserted Cities Of The Heart (3:38)

CD 2

1- Crossroads [Live] (4:21)
2- Spoonful [Live] (16:49)
3- Traintime [Live] (7:04)
4- Toad [Live] (16:16)

DOWNLOAD


postado por Caio

Little Walter

Boa noite a todos os leitores do Blog.

Após um longo período sem postar, espero reunir forças e motivações o suficientes para que freqüentemente possa servir-lhes com um bocado de boa música. Devo dizer que é um pouco frustrante, após três anos de Blog, desfrutar de uma certa falta de resultados, no âmbito de ainda possuirmos poucos seguidores e comentários. Por isso peço gentilmente a vocês leitores que comentem, pois o único motivo pelo qual escrevemos é compartilhar nossos gostos em relação à artes, de tal forma que o comentário, por mais singelo que seja, nos fornece motivação para que continuemos a escrever, uma vez que nosso esforço de ouvir, escrever e analisar o elemento em questão é mais do que bem recompensado ao notarmos que há reconhecimento, em outras palavras que não estamos escrevendo ao léu, para leitores fantasmas.
Agradeço a quem nos segue e a quem baixa os cds aqui postados, de maneira alguma quero ignorar nossos seguidores e os comentários aqui feitos. Ainda, é visível um certo desânimo de minha parte em escrever novos textos, mas como lhes disse anteriormente, parte disso se deve a sensação de ausência de reconhecimento.

Bom, ao que interessa, vos apresento uma pérola do Blues: Little Walter.





Little Walter, nascido Marion Walter Jacobs em primeiro de maio de 1930 na cidade de Marksville, Lousiana, foi um dos maiores gaitistas que já pisaram nesse planeta. Criado na zona rural de Alexandria, Little Walter cedo abandonou a escola para trabalhar e conseqüentemente muito jovem chegou à Chicago, a idade de 15 anos, sendo portanto um dos membros do que se denomina "Chicago Blues" ou blues urbano, composto por músicos negros que abandonaram a zona rural e partiram para a cidade grande em busca de melhores condições de vida. Isto sempre foi uma constante em sua música, no sentido da solidão da vida urbana, bem como na música feita pelos bluesman que se encontravam em semelhante situação.Embora sua música possuia raízes nesse estilo, suas intepretações possuiam certo sofisticamento que o diferenciava de outros músicos e foram o motivo de seu tremendo sucesso. Dificilmente se vê em Little Walter composições referentes à saudade da terra natal e temas rurais , mas podemos dizer que a solidão da vida urbana, bem como a dificuldade da vida urbana são temas muito comuns em suas letras, como esse trecho de Mean Old World:
"
This is a mean old world,
tryin' to live in by yourself
This is a mean old world,
tryin' to live in by yourself
Can't get the one you're lovin',
have to use somebody else
"

Walter acompanhou diversas lendas da música norte americana negra, tais como Muddy Waters,Willie Dixon, Hound Dog Taylor e Floyd Ross, e desde muito cedo foi influenciado por músicos também não menos que lendários, como Sonny Boy Willianson II. Walter foi um dos pioneiros no uso de amplificadores para a harmonica, uma vez que quando o blues se eletrificou na época, era impossível de a gaita soar com o som da guitarra, baixo e bateria em volumes muito maiores. Assim, várias técnicas da harmônica foram originalmente criadas ou largamente difundidas por ele, como o uso de "drive" ( distorção) no som da gaita e creio eu, ao ouvir o disco,o reverb como certo elemento de ambientação para o instrumento.

" I'm gonna roam this old Highway, until the day i die"

O fraseado bluesísitico de Walter também é impressionante, de modo que ele é considerado um virtuoso do instrumento tamanha a capacidade técnica e feeling que possuía. Walter também cantava, mas seu grande legado foi o vocabulário musical por ele criado. Certas músicas e certas frases possuem um certo quê de Jazz ( pelo menos para mim hehe =D, cabe a vocês decidirem) Certas vezes ele é comparado com Hendrix e Charlie Parker em relação à revolução que foi na época e para a música moderna, bem como Jimi e "The Bird" foram em seus instrumentos e épocas. Ele por duas vezes fez tournes na Europa.
Walter morreu com 37 anos por causa natural, embora diga-se que sofreu complicações após uma briga de bar.


DOWNLOAD



senha:360grauss.blogspot.com

Crédito : http://360grauss-mp3.blogspot.com/


Postado Por: Ricardo Franco

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Os Mutantes - Jardim Elétrico (1971)

Já era hora de um novo post. Não só isso, um post dos Mutantes também. Na verdade, não sou um perito na banda, mas sempre apreciei muito o trabalho deste grupo de São Paulo, formado pelos dois irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, além de Rita Lee. Um dos motivos pelos quais a banda parece ser única se deve talvez ao fato dela seguir um rumo paralelo às demais bandas nacionais de então. Não que o Mutantes faça algo de inovador. Longe disso, parecia querer seguir as grandes influências da época: Beatles, Rolling Stones, a psicodelia das bandas de São Francisco, ou seja, tudo aquilo que havia se consolidado na Contracultura Norte-Americana, enquanto as demais bandas brasileiras pareciam simpatizar mais com os Tropicalistas. Apesar de participarem ativamente do movimento Tropicalista, para mim, Os Mutantes tinham uma sonoridade bem diferente.

Talvez justamente por caminhar lado a lado com o rock internacional "Os Mutantes" seja mais conhecido lá fora do que aqui no Brasil. Isso acaba tornando, não impossível, mas um pouco difícil achar os discos da banda pelo país. Aqui muito da fama do grupo se deve à posterior repercussão da carreira solo de Rita Lee.

Tá certo que nosso paisínho não é nenhum paraíso para se adquirir CDs, até pelo fato de não deixarem de sobretaxar nem a cultura, mas chega a ser o cúmulo se tratando de um grupo nacional. Revoltas à parte, quando me deparei com o primeiro disco da banda (Os Mutantes - 1968) pairando nas estantes de alguma livraria, não pude deixar de adquirí-lo. Naquele momento, acreditava ter posto as mãos na maior pérola do grupo. Não à toa, já que o disco conta com algumas das composições mais famosas da banda, tais como "Panis et Circenses" e "Minha Menina"

Bem, isso já faz algum tempo, mas um dia desses, meu irmão me disse que conheceu um disco da banda que era muito superior ao primeiro. Fui meio cético quanto a isso, mas esses dias decidi provar o "Jardim Elétrico"... e agora simplesmente não consigo parar! O disco não dá brechas para se respirar, é simplesmente uma música deliciosa atrás da outra. Infelizmente, a duração do disco é curta, ou talvez até felizmente, assim se fica só cerca de meia hora sem respirar.

Compartilho, portanto, meu entusiasmo recente deste disco com vocês.

1 - Top Top (2:28)
2- Benvinda (2:48)
3- Tecnicolor (3:44)
4- El Justiciero (3:53)
5- It's Very Nice Pra Xuxu (4:49)
6- Portugal de Navio (2:44)
7- Virgínia (3:27)
8- Jardim Elétrico (3:14)
9- Lady, Lady (3:33)
10-Saravá (4:25)
11-Baby (3:37)

DOWNLOAD

postado por Caio