segunda-feira, 26 de abril de 2010

Lee Morgan


De morte precoce, aos 33 anos (Jesus?), Lee Morgan foi conhecido por sua maneira excêntrica de ser e tocar seu trompete. Cara de pau, talvez em excesso, era capaz de retrucar a monstros do bebop na chance de conseguir mais atenção para si, como ocorrido quando convidado a uma jam session: ao ser questionado por um saxofonista famoso da década de 50 o que gostaria de tocar, disse “O que você quiser.”. Mal sabia que o saxofonista iria lhe ensinar uma bela lição, quando quis tocar um dos temas mais difíceis do Jazz, Cherokee, com andamento elevado e em si, um dos tons mais complicados de se levar uma música. Mal sabia o saxofonista que depois do incidente e do sumiço de Lee Morgan por alguns meses, ele iria tocar com Art Blakey and The Jazz Messengers, onde sua belíssima carreira começou a alavancar, até ser morto pela sua mulher. Maldita seja ela.
De qualquer modo, o que fizeram ou deixaram de fazer com ele não é da minha conta. O CD, sim, me interessa. Ele inicia com a faixa de maior sucesso do artista, “The Sidewinder” e possui 10 maravilhosos minutos do que seria, de certa forma, uma inserção de temas funkeados ao clássico bebop, tema frequente em Morgan. A quebra rítmica, ou síncope, aplicada pelo baterista Billy Higgins e a célula rítmica do baixista erigem a forma soul-jazz de ser. “Since I Feel for You” se trata de uma balada com pegada calma e leve, com temas bonitos no trompete, bastante diferente de “Speedball”, que é um dos melhores exemplos do hard bop desempenhado pelo trompetista. A quarta música lembra uma bossa nova. Com tema fluido, “Ceora” se faz um pouco diferente do estilo de Morgan, como ocorre com a última música, “I Remember Clifford”, um tema lento e fúnebre, clara homenagem ao também trompetista Clifford Brown. Por fim, a quinta música é caracterizada pela influência do funk, que se nota, nessa altura da conversa, ser ponto comum no artista.
Fazer tudo isso no final da década de 50 e começo da década de 60 é, minimamente, digno de ser escutado. Sua excentricidade aparece claramente naquilo que toca, no que deseja transmitir ao público. Apesar de também um tanto egocêntrico e até petulante, construiu parte da injeção do soul ao jazz purista.
A compilação que coloco aqui pode soar até mesmo destrutiva; como ser capaz de mitigar toda a obra de um jazzista a míseras seis músicas? E ainda mais se tratando de um “The Best of”, que só contém as mais conhecidas. Isso é válido? Sim, é válido. Em se tratando de Lee Morgan, quando falo dele, muitos dos que conheço e apreciam o jazz, costumam apresentar cara de dúvida. Aqui vai, então, meu empurrãozinho. Se quiser saber mais, então, que procure por ti, como pretendo fazer, porque a minha parte vai até aqui. Explore até onde gostar. Eu gosto mesmo é de me deitar na cama e relaxar ouvindo um desses mágicos instrumentistas. Ah, eu amo jazz!


Last FM



Postado por: Mim

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